A bancada federal da Paraíba resolveu mostrar que coerência é algo superestimado. Em um espetáculo digno dos melhores roteiristas do absurdo político, nossos ilustres representantes votaram, quase em uníssono, a favor da derrubada do decreto do Governo Federal que aumentava o IOF para custear a correção da tabela do Imposto de Renda. Uma atitude que, em tese, demonstra grande zelo com o bolso do contribuinte — afinal, ninguém quer ver mais imposto, certo?

Mas antes que o eleitor pudesse bater palmas para esse raro gesto de sensibilidade fiscal, veio o segundo ato. E que ato! A mesma bancada, agora com entusiasmo digno de Black Friday em loja de eletrodomésticos, votou pela criação de 18 novos cargos de deputados federais. Isso mesmo: mais cadeiras, mais salários, mais assessores, mais verbas — e claro, mais do nosso dinheiro. Com apoio total da bancada paraibana.

A desculpa de que, se não criar essas novas vagas na câmara a Paraíba perderá duas vagas e a assembleia legislativa também terá prejuízo até que parece plausível, porém não se vê empenho de ninguém da bancada em conseguir alternativas para a melhorar a arrecadação sem ter que sacrificar os mais pobres, em detrimento à taxação dos mais ricos, o que se vê desde sempre é a ideia de que o pobre é que tem que pagar a conta e os mais abastados não podem pagar mais impostos.

e com isso, eis a mágica do Congresso: num momento, fazem pose de defensores da economia popular; no outro, escancaram a porta do cofre público para abrigar ainda mais parlamentares em Brasília. Afinal, quem precisa de contenção de gastos quando se pode distribuir cargos como quem distribui santinho em época de campanha?

Vale o registro de uma exceção honrosa (e solitária): o deputado Luiz Couto (PT), que foi o único paraibano a votar contra essa generosa ampliação parlamentar. Pelo visto, coerência virou artigo de luxo.

Enquanto isso, o cidadão paraibano, que acreditava estar sendo representado por defensores da responsabilidade fiscal, descobre que o compromisso da bancada é, no máximo, com a arte da contradição. E o espetáculo, claro, segue com ingresso pago por todos nós.

Fim do ato. Até a próxima sessão.

Por Jackson Queiroga do ALertaPB