A deputada estadual Paula Francinete Meireles (PP) está no centro de críticas após destinar vultuoso volume das emendas impositivas às quais tem direito exclusivamente para o município de Cajazeiras, no Sertão da Paraíba — sua principal base política, esquecendo diversas outras cidades onde ela foi votada. O valor total disponível para a parlamentar somou R$ 4.290.000,00. Desse montante, R$ 3.300.000,00 foram destinados unicamente para Cajazeiras, o que representa aproximadamente 77% dos recursos.

A concentração de investimentos em um único município contrasta com o apoio eleitoral que a deputada recebeu em diversas outras cidades paraibanas durante a campanha, sendo que mais de uma centena de cidades registraram votação à parlamentar.

As emendas impositivas são instrumentos legais que permitem aos parlamentares alocar recursos do orçamento estadual para projetos e ações em municípios de sua escolha. Embora seja direito de cada deputado definir a destinação das verbas, espera-se que a distribuição dos recursos observe critérios de proporcionalidade e retorno eleitoral, ou, ao menos, de necessidade social.

O caso de Paula Francinete expõe um problema recorrente na política paraibana: a priorização excessiva da cidade de atuação política em detrimento de outras localidades. Em Cajazeiras, onde o esposo da deputada — o ex-prefeito José Aldemir — exerceu forte influência política nos últimos anos, os recursos serão aplicados em áreas estratégicas, reforçando ainda mais o domínio político da família no município.

A situação acende um alerta sobre a importância do voto consciente e da representatividade política local. Quando eleitores de uma cidade escolhem parlamentares de fora, correm o risco de ver os interesses do município serem preteridos no momento da distribuição de recursos. É justamente o que ocorreu com Souza, que mesmo oferecendo uma votação expressiva à deputada, não foi contemplada com nenhum centavo das emendas disponíveis.

O episódio reforça o debate sobre a necessidade de fortalecimento de candidaturas locais, que, em tese, teriam maior compromisso com as demandas da própria população. A máxima “vote em candidatos da sua terra” ganha força diante da realidade de municípios inteiros ignorados após o período eleitoral.

A postura da deputada Paula Francinete é legal, mas levanta questionamentos éticos e políticos sobre o uso do mandato e o compromisso com o eleitorado disperso pelo estado. A expectativa agora é de que os demais parlamentares tenham sensibilidade em suas indicações e contemplem uma maior diversidade de municípios, respeitando a confiança dos eleitores paraibanos.

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